quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Edição 2021:



Comissão julgadora:


JURADO DO CONCURSO DO LOGO:

Rodrigo Mattos é artista visual e discente do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria. É pesquisador (pelo Centro de Artes e Letras da UFSM) em poéticas visuais com atuação em pintura expandida e espaço.



JURADO DA CATEGORIA CRÔNICA (8º ANO E 9º ANO-E.F.):

Odemir Tex Jr. é formado em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Coleciona mais de 30 prêmios literários em poesia, conto e crônica pelo país, entre eles o Prêmio SESC de Poesia Carlos Drummond de Andrade - Brasília/DF, Felippe D'Oliveira - Santa Maria/RS, Festival de Música e Poesia de Paranavaí (FEMUP) - Paraná, Poesia no Ônibus de Porto Alegre, Prêmio Nacional de Poesia Cidade de Ipatinga - Minas Gerais. Foi integrante da Casa do Poeta de Santa Maria (CAPOSM) e da Academia Santamariense de Letras. Co-autor dos livros Santa Invasão Poética (poesia, 2007), A Sete Chaves (poesia, 2015) Delirismo (poesia, 2016), Descontos (contos, 2017), entre outros, além de organizar e publicar Baixada Melancólica – Contos da Depressão Central (contos, 2018) e Ano Passado Eu Morri (contos, 2019). É autor dos livros Para Uma Nova Didática do Olhar (2013) e A Triste Balada dos Herculóides Contra as Leis Terrenas (2019)."


JURADO DA CATEGORIA DOCUMENTÁRIO (1º ANO E 2º ANO-E.M.):

João Pedro W. Amaral é professor de Inglês e de Literatura. É Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria. É idealizador e membro do Estúdio de Criação, projeto de letramento e criação cinematográficos para alunos de escolas públicas. Esse projeto foi vencedor do 11º Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo MEC, na categoria Ensino Médio da região Sul do Brasil.


 

JURADA DA CATEGORIA ARTIGO DE OPINIÃO (3º ANO-E.M.):

Bruna Homrich Vasconcellos é jornalista formada pela UFSM (2013) e mestra em Comunicação Social pela mesma instituição (2020). Desde 2014, atua como jornalista, na Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Docentes da UFSM (Sedufsm/ANDES-SN), vinculando-se mais especificamente às pautas relacionadas à Educação, Trabalho, Minorias Sociais e Direitos Humanos.


GANHADORES:

 Categoria logo: 1º Ingridi Bertolotti Cadoná



 Categoria crônica: 1º lugar: Vitória Duarte Lopes 
                               2° lugar: Vitória Luiza Lapazini         
                              3° lugar: Ingridi Bertolotti Cadoná
                                                     
Categoria documentário: Ganhadores foram 1º e 2º ano do ensino médio 

Categoria artigo de opinião: 1º lugar: Thiago Bär Hammes 
                                              2º lugar:Arthur Sponchiado
                                              3° lugar: Laura Chielle 



         
                                           



Textos ganhadores


Outro tijolo na parede- Vitória Duarte Lopes

Sentada, em minha classe, em uma manhã de provas, eu pensava sobre a notícia que li na revista Humanista de Josnalismo e Direitos Humanos da UFRGS, que afirmava que “Escola sem partido é só uma nova forma de censura” e isso me levou ao pensamento sobre como o sistema de ensino é falho quando a questão é política, afinal, um posicionamento pode mudar toda uma perspectiva de um aluno e trazer conhecimanto até ele, citando como exemplo, a situação das vacinas e a negação do presidente mesmo diante de tantas mortes.

 Eu aprendi, desde sempre, que deveria sentar e escutar, então era o que sempre fazia mas diante de uma nova perspectiva sobre o mundo ao meu redor, percebi a necessidade do posicionamento e como a Vitória estudante pode mudar o mundo de pessoas que tinham a mesma visão de se acalentar e ter medo de expressar como são.

Na música de Pink Floyd, “Another Brick on the Wall (Pt 2)” (Outro Tijolo na Parede), temos um grito de rebelião contra a opressão do sistema, enfatizando principalmente a opressão feita pelo sistema de educação e toda censura causada pelos mesmos, que tem o objetivo único de nos transformarem em “outro tijolo na parede”, parede esta, usada como forma de nos transformar em uma sociedade sem opiniões divergentes e nos fazer isentos do conhecimento e de opinião, pois a restrição de conhecimento facilita a manipulação em massa. “Não precisamos de nenhuma lavagem cerebral”, queremos ver o que está acontecendo e queremos lutar por nós mesmo.

 A escola, que deveria ser um lugar de aprendizado e liberdade de expressão, torna-se um lugar de preconceitos, elitismo e opressão, afinal, em um estado laico, por que ainda temos ensino religioso, sendo este, colocado quase como uma doutrinação cristã? Por que em discussões sobre feminismo, racismo, sexualidade e saúde mental são completamente ignoradas? A reposta é simples; vivemos em um grande sistema que trabalha com opressão censura, onde pessoas como eu, que não se deixam calar pelo preconceito enfrentado diariamente são vistas como desrespeitosas ou fora do normal, mas em momento algum irei deixar que direções e regências negligentes quanto aos direitos enquanto alunos e como seres humanos me silenciarem, enquanto pessoas assim existirem, lutarei pelo meu direito e o direito de toda minha comunidade existir.

Estrelas apagadas -Vitória Luiza Lapazini

Poluição Luminosa, talvez muito pouca conhecida, e que passa por vezes despercebida, mas não por mim. Vivo minha vida rotineira, na pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, sempre gostei muito de observar as estrelas a noite, a lua, uma visão de tirar o fôlego, se muitos felizmente tivessem esse privilégio. A poluição luminosa é um tipo de luz excessiva ou obstrutiva, criada por humanos, ela interfere no ecossistema e ilumina a atmosfera das cidades, reduzindo a visibilidade das estrelas.

Como eu vivo em uma cidade pouco populosa, sem muita iluminação, a visibilidade das estrelas e da lua é fácil, o ambiente não é poluído, o que faz a  paisagem ser ainda mais impressionante. Porém não é isso que acontece na maioria das cidades grandes, metrópoles, onde a luminosidade é maior, efetivando uma vista apagada.

Esse é apenas um dos problemas causados pela poluição luminosa, outro fato é que, os animais de hábitos noturnos, como as aves migratórias, que normalmente se guiam pela luz da lua e das estrelas, são prejudicados pela luminosidade artificial, os mesmos ficam desorientados, e podem chegar a morte. Além de dificultar o trabalho de vários astrônomos e pesquisadores, e consequentemente de pesquisas, que ajudam no desenvolvimento científico e tecnológico. Se todos nós pudéssemos evitar este tipo de poluição, que prejudica toda a vida na terra, além de apagar uma das melhores paisagens existentes, pequenos hábitos, como utilizar luzes de led, diminuir a luminosidade exterior e consumir sistemas de luz inteligentes e automáticos, faria um bem enorme para o planeta, os animais e a nós mesmos, que teríamos uma visão surreal de  nossa própria galáxia, um equilíbrio no ecossistema, e tenho certeza , uma qualidade de vida maior. Não precisamos de mais problemas ambientais do que já temos, ou preservamos nosso lar, ao contrário nosso futuro está comprometido.

A leitura que inspira de geração a geração- Ingridi Bertolotti Cadoná

Desde meados dos anos 1971, nos seus vinte anos Tranquilo Cadoná, trabalhava como entregador de jornais na empresa “ Jornal Alto Uruguai” se apaixonou pela leitura, após isso todos os dias sentava pela manhã no canto interno da área de sua casa, para apreciar a leitura do belo jornal, seguindo as tradições gaúchas, juntamente com a leitura do jornal tomava seu chimarrão feito por ele mesmo.

Com sua esposa a trabalhar, ficava sozinho. Para não se sentir tão só, aproveitava da companhia de suas pilhas de jornais para ler e apreciar a cada palavra. depois de muito tempo trabalhou na Escola Estadual de Educação Básica José Zanatta, aproximou-se ainda mais dos livros.

Em 2006 nascendo a sua primeira neta, com seus pais a trabalhar Ingridi com nove meses começou a ficar com tranquilo, vinte quatro do dia, Tranquilo lia para sua neta desde cedo ensinando a importância da leitura na vida.

Hoje no ano de 2021, Tranquilo com setenta anos e sua neta com quinze anos, continuam a ler todas as manhãs os jornais, vendo assim como a leitura é importante para todos nós.

Documetário 1° ano do ensino médio: https://youtu.be/C1K01kIkkHg



Documetário 2° ano do ensino médio:
Foi retirado do ar sem autorização

Racismo ou Injúria Racial?-Thiago Bär Hammes.

A nossa democracia é o regime em que não existem desigualdades ou privilégios de classes; temos que racismo é o preconceito através da discriminação; discriminação é separação. Logo, à luz dessas considerações, a democracia anula o racismo. Num país de raças, credos, costumes e religiões diferentes, é quase impossível não falarmos em racismo. Aqui, a bandeira da democracia, sobretudo a da democracia racial, não se confirma. O arremesso de uma banana ao jogador Daniel Alves foi o reinício da polêmica que nunca deixou de existir, enrustida nos corredores subterrâneos da sociedade. Orgulhar-se do oásis instalado na floresta amazônica, exaltar a mulata que rebola os quadris nas avenidas do Rio, provar dos parques gastronômicos da Bahia, comercializar em São Paulo, tudo isso compõe um belo cartão postal do Brasil. Porém, falta cor nesse cartão: o preto. Exatamente o preto que, como mercadoria, foi vendido, traficado, como também foram a madeira, as especiarias, o minério. A história registra que a Carta Áurea foi uma decisão política sem planejamento social. Com uma escrita rápida, os negros viram-se livres e. As porteiras foram, literalmente, abertas para a evasão dos negros. E pelas mesmas porteiras entraram europeus e asiáticos que substituíram a mão-de-obra escrava, a troco de ínfimos salários. Data dessa época o começo do trabalho análogo ao de escravo, cujos reflexos colhemos até hoje. Todavia, falarmos do racismo do africano, elevando o negro ao patamar máximo da discriminação, é ingenuidade. Uma porque o negro não foi escravizado por conta da ausência de cor. Um indivíduo sem alma, nas palavras fiéis da Igreja – mas porque, como coisa, insistimos, era a moeda da época; a duas porque racismo tornou-se sinônimo de intolerância e, assim, há uma lista enorme de itens repudiados por grande parte da sociedade: “quem gosta de velho é reumatismo”; “quem não é nada, é professor”; “aluno de escola pública só passa se tiver cota“; “preto, pobre e prostituta devem mofar na cadeia”. E os apontamentos grosseiros multiplicam-se ao sabor da ignorância. É verdade que, até hoje, poucas intervenções afirmativas foram destinadas à inclusão daqueles que vivem às margens do chantilly social. As cotas raciais e afins devem ser implementadas. Mas não é só: ao embalar políticas desse naipe, é preciso fixar no rótulo um prazo de validade. Vinte anos. Trinta anos. Até que a Educação, sem falsas máscaras, seja, de fato, garantida a todos os brasileiros, independentemente da raça.Também podemos citar que a cidade de Taquaruçu do Sul-RS,onde pessoas negras sofrem discriminação. Assim,podemos citar,como exemplo,a cidade de Taquaruçu do Sul-(RS),onde cidadãos negros,especialmente, os assalariados e moradores da chamada “Vila de Taquaruçu do Sul”,são segregados pela classe auta e média,fazendo com que essas pessoas,sejam “excluidas” ou “sem voz”,no meio da população.



Uma Cidade Presa no Tempo-Artur Sponchiado

‘’Entre as matas, os vales e os rios... ’’, assim começa o hino do município de Taquaruçu do Sul, que, desde 1919 vem sendo um lugar pacato e pequeno. De longe, parece-se como muitas outras cidades pequenas, segura, honesta, ingênua, porém basta aproximar-se um pouco para perceber o que há ‘’por trás dos panos’’.

Assim como dito no hino municipal, é admirável a sua natureza, que por sua vez, é a única coisa para se exaltar neste lugar. Um município de três mil habitantes é imaginável que deve ser um lugar muito tranquilo para viver, criar seus filhos e ter uma vida calma, contudo, discordo disso com todas as minhas forças. 3 072 pessoas vivendo no mesmo lugar, e quase todas, conseguem ter a mente vaga e fechada. A maioria da população destaca-se por pessoas de idade, o que dificulta que a cidade seja evoluída em assuntos da atualidade, pois, muitos ainda são presos às suas raízes antepassadas, 

Uma cidade totalmente perdida no tempo, que não se adapta às mudanças e que o povo não contribui, pois ainda está preso aos tabus do passado, dentre tantas opções para viver, essa não seria a melhor opção, ainda mais para quem é da comunidade LGBTQIA+, que sofreria com preconceito e olhares estranhos na rua durando todo o dia, sendo vítima de boatos, fofocas e chacotas. Péssimo lugar ainda, se você for negro, ou de outra raça que não seja europeia, pois, como a cidade foi colonizada por italianos, a maioria da população tem antepassado europeu, e o racismo ainda permanece na sociedade, taxando pessoas de cor morena como marginais. 

Política é o assunto mais polêmico da cidade toda, porém, as pessoas não sabem falar sobre política, a única coisa que sabem falar é sobre partidos e candidatos políticos. Toda época de eleição, só ouve-se falar em PT e MDB, os dois lados rivais, cada um com seus “zumbis” dispostos a discutir sobre qual é o melhor, fazendo suas apostas sobre qual vai vencer. Diz o cientista político e diretor da Pulso Público, Vitor Oliveira, que “A política não pode ser tabu, e por outro lado não pode ser um cabo de guerra”, mas é exatamente o oposto que acontece. Todavia, as discussões e as brigas são o de menos, isso é até tolerável perto da corrida por votos, quando a cidade inteira torna-se um leilão, uma disputa onde quem oferece mais dinheiro compra seus eleitores e seus votos e garante sua eleição. A cada quatro anos, cada lado gasta cerca de um milhão de reais apenas para a compra de votos. Entretanto, o problema maior é de quem está comprando ou quem está vendendo o voto?


O lugar onde vivo-Laura Chielle

Primeiramente, começarei com a seguinte frase de Aristóteles, que se encaixa perfeitamente com o que será tratado no meu texto: “O homem é um animal político”. Em pleno século XXI, apesar de todo o cenário catastrófico que vem ocorrendo devido à pandemia do covid-19, nós, moradores de Taquaruçu do Sul ainda passamos por problemas e picuinhas, decorrentes da política. A compra de votos e as discussões devido à lados partidários, infelizmente são atos presentes. 

Candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores ao invés de construírem uma campanha limpa e justa, acabam tornando-a suja, pois praticam a compra de votos. Porém, os moradores daqui ao invés de serem éticos e colaborarem para uma boa política, acabam vendendo. Como Cícero Braz afirmou: “Políticos tem muitos, mas homens de moral e caráter são poucos”. Acredito que o eleitor que vende seu voto, não tem o direito de querer exigir nada, mas é claro que não são todos que compram e vendem, há exceções. 

Se já não bastasse o que citei anteriormente, há outro fato vergonhoso, as discussões, sendo que elas não estão presentes apenas em épocas de eleição, pois as picuinhas ficam presentes durante todo o período de “reinado” do partido eleito. Alguns candidatos e eleitores já trancaram estradas ou ficavam circulando e cuidando para que seus concorrentes não pudessem comprar votos, alguns eleitores já foram agredidos por outros, enfim, isso é só uma amostra para se ter noção da infantilidade e falta de ética de alguns cidadãos. Isso se torna algo muito vergonhoso para nosso município, por não haver respeito com quem tem opinião contrária. 

É possível associar essas ações políticas com o coronelismo, prática comum, antigamente, em que uma pessoa, ou seja, o coronel retinha o poder econômico e exercia o poder local por meio da violência e das trocas de favores. A violência em nosso município é mínima, porém a troca de favores ocorre demasiadamente. Do mesmo jeito que o coronel fazia para obter o poder local, os candidatos, em busca de conquistar uma vitória, praticam a troca de favores, tendo como exemplo disso, a compra de votos. 

Portanto, está mais do que na hora de quem compra e vende votos se conscientizar de que isso é antiético, vergonhoso e sujo. Com isso, e com brigas, jamais se terá uma política justa. Não importa o partido eleito, devemos respeitar e colaborar em prol do bem comum. Para dar fim às minhas colocações, deixo a seguinte fala de Aristóteles: “A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça”.





 Prêmio João Fontana: Edição 2022




Comissão julgadora da categoria slam:












Comissão julgadora da categoria poema:











Comissão julgadora da categoria conto:











Ganhadores da categoria Slam (Ensino Médio): 

1º lugar - Laura Cristine Pereira Bueno

Lgbtfobia

É foda ser Igbt nessa tal sociedade

Só de imaginar me dá crise de

ansiedade

Preconceito pra lá e pra cá

Isso só reforça o quanto ainda

precisamos lutar

Sua religião não é desculpa para

homofobia

Cara, Deus não disse para amar a

todos? Que ironia

Amar, ou manter as pessoas que

gosta por perto?

Essa "escolha" não é justa, pô cê

acha certo?

Pior é a zoação

Ser chamado de viado, bichinha,

sapatão

Para sua piadinha, ergo meu dedo

médio

Já que ela só tem graça, pra ti, que

tem privilégio

Adicionar comentário particular


2º lugar - Mayara de Souza Johann

Estou cansada...

Nas ruas eles gritam

 "gatinha", "ô lá em casa"

Todos dias eles implicam

com o tamanho do meu vestido

estou cansada desses pervertidos 

Estou cansada de ter medo de sair

e alguém me agredir.

Estou cansada de ter medo dos olhares,

de falarem das minhas roupas "vulgares".

Até quando vamos ter que ouvir falar

que mulher tem que lavar, passar, cozinhar,

dos filhos tem que cuidar.

Estou cansada de tanto ouvir,

ninguém pode me oprimir

tá na hora de começar gritar

e mostrar pra sociedade onde é o meu lugar.


3º lugar - Dhiuli Keli Avrella

Olhos fechados para a realidade

Vivo numa cidadezinha de humildade 

Com mia moradores na roça do que na cidade 

Porem, sempre tem, pessoas sem seriedade 

Que fazem as coisas às escondidas 

Os boatos e fofocas correm na boca dos fofoqueiros 

E onde ha fumaça, há fogo!

Poucos são punidos e muitos 

Nem da pra dizer, que abusam e traumas a vida toda 

Sem entregar pra policia os filhos da puta que estragaram suas vidas.

Então, se ninguém entregar esses covardes, como que a justiça será feita?

Ganhadores categoria poema (6º e 7º ano)

1º lugar - Lorenza Luza

COLHEMOS!

Hoje em dia muitas pessoas nos julgam,

Sem saber se está tudo bem.

Pois é, são esses os julgamentos, 

 Que hoje vão e vem.

Várias pessoas estão cometendo erros,

Quase todo mundo está frustrado. 

Mas o mundo não está perdido,

Deve apenas ser reencontrado.

No nosso mundo nem tudo é alegria,

Não temos só felicidades todo o dia.

Mas temos vitórias e consequências,

Porém é isso que nos dá competências.

Não são com estes meus versos,  

Que irei fazer o mundo mudar.

Mas talvez com estas palavras,

As pessoas comecem a se ajudar.

Devemos plantar ideias,

E ter coragem de enfrentar nossos erros,

E depois disso, alegria nós sentiremos.  

E assim talvez, quem sabe uma aprendizagem,

Colheremos.


2º lugar - Valentina Bassani Albarello

Minha Poesia

Essa poesia

Que esperei por tanto tempo

Para poder declamar 

Mas agora que ela está tão livre,

Ela só quer voar…

Essa poesia 

Com ideias tão distantes

Versos perdidos entre si

Que já não voam como antes.

Essa poesia

Que mais parece um conto de fadas

Sabe aquele com princesas?

Princesas encantadas.

Essa poesia 

Que as vezes me perco nas palavras

Mas sei que ainda me traz coragem 

me traz aprendizagem.

Essa poesia

Que eu gosto tanto

Esses seus ensinamentos

São citados como um canto…

Essa poesia

Me ensina tantos valores, 

Ela é meu guia

Assim como meus professores.

Essa poesia 

É como a escola,a vida

Como as sementes que plantei 

E que estive envolvida

Envolvida totalmente 

Nessa minha poesia 

Nesse meu jardim

Regando ideias e flores

Colhendo aprendizagens e valores.


3º lugar - Milena Zanatta Vaz

Meio ambiente

Proteção ambiental com consciência

é uma questão de sobrevivência.

Preservar o meio ambiente

Não parece importante

Por isso tem muita gente

Bastante ignorante.

Os homens não tem cuidado

Das florestas e do mar

A poluição por todo lado

E muita fumaça no ar.

Com a água poluída

O planeta vai morrer

Faça sua parte

Para a gente não sofrer.

Ajude o meio ambiente

Ele é nossa salvação

Não seja ignorante

Seja um bom cidadão.

Temos muito o que aprender

A plantar e a colher

Todo o esforço

Será recompensado

Para um mundo melhorado.


Ganhadores categoria Conto ( 8º e 9º ano)

1º lugar - Lorenzo Almeida da Rosa 

BATALHAS PSÍQUICAS

— Então… Conte novamente sobre os homens mascarados… — disse o Psicólogo.


O Soldado mantinha muitas feridas da guerra. Feridas tanto físicas quanto psicológicas. E ele se comprometeu a apoiar seu país mesmo sabendo destes… riscos. Ele, agora, estaria atendendo a sessões terapêuticas diárias, buscando tratar de, ao menos, a maioria de seus problemas.


— Eram… Meus inimigos, eu acho… Me recordo vagamente da lembrança de um deles vindo em minha direção, segurando o que eu imagino ser uma faca…


    Como mencionado anteriormente, o Soldado foi gravemente ferido ao decorrer da batalha. Seus machucados também atingiram drasticamente sua memória, tornando vívidas e coloridas lembranças em vultos dolorosos e monocromáticos.


— Entendo… Você consegue se recordar de quem ele era? — questionou o Psicólogo.

— Não… Não consigo lembrar de praticamente nada seu, embora lembro que seu uniforme tinha um notável tom de amarelo.

— Hmm… Certo. Progredimos bastante hoje, Soldado. Entretanto, nosso tempo acabou. Vemo-nos na próxima semana.

— Certo, doutor. Até mais…


Pensativo, o Soldado retornou ao seu lar. Ao entrar em seu apartamento e inspirar o distinto odor de mofo discretamente vindo dos cantos de seu apartamento, onde as pontas do quase descolorido papel de parede se encontravam, resolveu que faria algo, alguma bebida para ajudá-lo a se acalmar.

    Optando por deixar de lado e tratar daquele problema depois, tornou-se a fazer um chá de ervas; estava se sentindo agitado pelas tentativas de desenterrar seu passado hoje pela manhã. As ervas, entretanto, ele não sabia quais eram; apenas caules e folhas genéricas que encontrou em seu armário. Ferveu a água, derramou em sua xícara temática de coelhos, e pôs as folhas. Aguardou, aguardou… Ficou pronto. Assoprou o chá, procurando resfriá-lo, e tomou. Tomou, e apreciou. Não sabia quais eram aquelas ervas, mas gostou. Sentiu que isso seria rotina doravante. Após esse reflexivo curso de ações, resolveu dormir. E dormiu.

    Na manhã seguinte, se vestindo de forma que julgava apropriado e realizando uma rápida, básica refeição, composta de uma torrada completamente recheada de maionese temperada, duas fatias de presunto defumado e uma de queijo mussarela, posicionada entre as duas fatias de presunto, se aprontava para retornar ao consultório de seu psicólogo. A caminho, refletia sobre a sessão passada e tentava ligar os pontos. O presumido tom amarelado do uniforme de seu presumido inimigo ainda o deixava confuso; não tinha a menor ideia de como isso é importante de qualquer forma, mas sentia que deveria haver importância. Afinal, uma das escassas memórias que ainda restava de seu consciente danificado deveria ter alguma relevância… Certo?

Chegando lá, foi recebido pelo seu psicólogo, que exalava implicitamente um semblante angustiado – fato esse que o Soldado captou. Outra circunstância peculiar percebida pela perspicácia do Soldado foi música. Contrariando a monotonia climática de suas sessões anteriores, esta contava, por sua vez, com um suave tom de violino, mesclado com um aparente brando toque de violoncelo. Deixando de lado essa observação peculiar, ao decorrer de sua consulta, voltaram a tratar dos mesmos assuntos:


— Pode tentar se recordar de mais detalhes sobre o "inimigo de amarelo"?

— … Eu… Eu acho que ele vestia um chapéu… Não, era um capuz… Sim, definitivamente era um capuz. Lembro muito vagamente de um símbolo estampado na frente, parece uma aranha…

— Hmm… Muito interessante, Soldado.

— Doutor, se me permite perguntar… Por que está tocando música clássica?

— Bom, estudos recentes exibem resultados mais frequentes e conclusivos no progresso terapêutico de um indivíduo quando há a presença de música no processo. Especificamente, música clássica.

— Entendo… Acho que já podemos perceber resultados, hahaha.

— Definitivamente. Não imaginei que se adaptaria tão bem ao método… Acho que isto comprova aqueles estudos.

— É, eu também acho isso.

— Nos vemos amanhã então, Soldado?

— Com certeza, doutor.

— Até logo, então. Ah, mais uma coisa: gostaria de levar um dos CDs que tenho aqui, composto por algumas das músicas que ouviu hoje? Talvez isso aprimore ainda mais o progresso do seu tratamento.

— Ah… Sim, por favor.

    

No retorno ao seu lar, o Soldado se manteve reflexivo: apesar de sons deste “calibre” aparentarem aperfeiçoar as funções cognitivas de um indivíduo (por serem geralmente desfrutados por pessoas cultas e inteligentes), demonstrava certa desconfiança neste método. Para ele, esse conceito apenas não se “encaixava”. De qualquer forma, não conseguiu manter seus pensamentos elaborados por muito tempo; abrupta e repentinamente, sua cabeça começou a doer. “Começar” não seria exatamente a palavra ideal: o sentimento foi praticamente uma explosão.

— Augh! — exclamou o Soldado, que desabou ao chão, em meio a gemidos. Sua cabeça estava latejando e ele mal conseguia raciocinar para tentar lembrar — ou se perguntar — o porquê. Tentando se recompor, aparentando segurar sua cabeça enquanto tentava manter o equilíbrio. Tonto e bambaleante, tornou-se a voltar a caminhar em direção ao seu apartamento.

    Chegando em seu apartamento, inspirou profundamente, inalando o inesperado embora inevitável fétido odor de mofo dos cômodos de sua casa, e expirou desconforto e cansaço pela sua boca, que permaneceu levemente aberta mesmo após a ação. Com os olhos pesados e cabisbaixos, desabou sobre seu sofá; quando percebeu haver deixado sua televisão ligada. Com o corpo e seus músculos relaxados, prontos para ter o descanso que mereciam, ele perdidamente procurou o controle remoto para desligar a televisão; não podia se importar menos com o conteúdo que estava sendo exibido, queria apenas dormir. Encontrou-o, e desligou o aparelho.

    Uma vez desperto — e agora lúcido — tornou-se a indagar-se: por que estava tão exausto ontem? Não é como se tivesse se desgastado trabalhando — afinal, sua rotina se resumia basicamente em ir de casa para o consultório. Não conseguia enxergar nenhum motivo para sua fadiga… Invariavelmente, para variar, resolveu fazer seu café da manhã. Havia acordado relativamente cedo hoje, então tinha um tempo até que deveria deixar seu lar para ir à sua consulta. Vasculhando sua geladeira, encontrou sobra de panqueca do sábado passado. Parecia ainda estar bom para comer, apesar de ter passado 3 dias. Colocou no micro-ondas, e quando retirou, foi encantado pelo cheiro da massa e da carne quente. Comeu rapidamente, mas ainda estava com fome. Vasculhou sua geladeira novamente, e encontrou apenas uma fatia de presunto defumado, que foi o que restou de sua refeição do outro dia. Sem pão nem queijo para fazer um sanduíche, apenas comeu-o. Após suas refeições, se aprontou para ir à sua consulta.

    No caminho para lá, sua cabeça voltou a doer. Novamente, não havia explicação aparente; entretanto, como a dor era tolerável, ele permaneceu estável, andando, até o consultório. Chegando lá, foi recebido, e sua sessão iniciou. Seu psicólogo parecia melhor desta vez, e não havia música. Parecia haver até uma atmosfera… obscura.

    — Bom dia, Soldado. Como está?

— Não estou muito bem, doutor. Ultimamente, desde a última sessão, estive tendo fortes dores de cabeça, e não consigo identificar o porquê.

Sem o Psicólogo ter a chance de falar, as dores de cabeça retornaram, e, dessa vez, muito mais poderosas. O Soldado conseguia ouvir a música que ouviu ontem, ecoando pelas paredes de sua cabeça. E começou a ver flashes, luzes piscantes que pareciam cobrir todo seu campo de visão, como poderosas alucinações. Ele começou a ter vislumbres vívidos e coloridos de diversos soldados, que pareciam estar em uma guerra. Seria essa a guerra que ele teria lutado?

Ele percebeu que seus presumidos aliados usavam roupas alaranjadas, remetendo à lembrança anterior. Não usavam capuzes; ao invés disso, o “logotipo” provinha de seus uniformes, estampados não com uma aranha, mas com uma estrela, o Sol.

— Soldado, você está bem? Soldado!? — exclamou o Psicólogo, preocupado, a um Soldado que estava agora no chão, imóvel.

Os vislumbres continuaram. Sua próxima visão demonstrou uma medalha, uma medalha de guerra. No verso do medalhão, havia um nome: John. O Soldado, expressou extrema familiaridade com este nome, demonstrando surpresa ao lê-lo. “Seria esse o meu nome?”, o Soldado pensou. “Fui chamado apenas de ‘Soldado’ desde que consigo me lembrar. Seria esse o meu verdadeiro nome?”.

— Johnnn… — o Soldado murmurou. O Psicólogo ficou espantado por isso, aparentando ter ciência deste nome e sua importância para o Soldado.

Após isso, o Soldado viu um vilarejo. Um vilarejo em chamas. As únicas pessoas presentes ali, além de ele mesmo e seus companheiros, estavam mortas, carbonizadas e imóveis, no chão. Ele estava segurando uma arma, e três de seus parceiros, um lança-chamas. Eles claramente eram responsáveis por aqueles eventos, mas… por quê? Por que alguém causaria um incêndio em um vilarejo? Momentos depois, ele, finalmente, despertou:

— Doutor, o que diabos aconteceu?

— … Vou lhe poupar do esforço, John. Dado que você descobriu seu nome, imagino que tenha descoberto… outras coisas. Você é um membro do Exército Libertador da Luz Brilhante, uma organização terrorista antissemita. Você passou sua vida inteira sendo treinado em combate para erradicar as “raças” que seus superiores — e, presumidamente, você — achavam inferiores à deles. Você participava da Unidade Python, especializada em menores grupos e localizações, como vilarejos e cidades pequenas. Sua unidade era encarregada de massacrar  esses locais, garantindo que ninguém restasse — e, em todas as vezes que entrou em combate, você se provou brilhante em seu trabalho — disse o Psicólogo, sem medir palavras. Continuou:

— A ELLB comandava diversas operações secretas, das quais muitas delas nós não sabemos sobre. Você foi o único membro deles que restou — que nós sabemos sobre, claro — e, por você, esperávamos obter informações sobre a organização em que participava. Por culpa das circunstâncias em que você se apresentava, teríamos de restaurar essas informações primeiro, considerando que você perdeu sua memória. A peculiar melodia que você afirmou demonstrar interesse sobre na nossa segunda sessão tinha justamente esse objetivo: auxiliar na restauração, na cura de sua memória. Ainda estando em estado experimental, este método se provou especialmente eficiente em você — entretanto, acabou sendo mais eficiente do que deveria ser, tratando de você literalmente da noite pro dia.

John estava completamente boquiaberto. Tinha ele realmente matado todas essas pessoas? Tinha ele realmente sido… um terrorista? Ele realmente não queria acreditar, entretanto, tudo isso fazia muito sentido e a sua memória parecia concordar.

Com lágrimas em seus olhos, disse:

— Não… Não, não, não, NÃO! Eu não posso ter feito isso… Eu não concordo com isso! Não, não pode ser…

— Gostaria que eu estivesse errado também. Você agora estando ciente da sua condição, tem duas escolhas: obter prisão perpétua pelos seus atos, ou nos contando tudo sobre a organização em que participou.

John não tinha mais nada a perder. Desejando tomar uma última decisão remotamente positiva em sua vida, ele contou tudo que sabia, sem omitir nenhum fato. Ficaram horas conversando, ele revelou informações inéditas para o Psicólogo, que anotava tudo em seu pequeno caderno.

Saindo do escritório, não conseguia pensar em nada. Chegou em seu lar, abriu o armário, e pegou a corda que há tempos não saía de lá. Decidido, amarrou-a no teto sujo de seu apartamento e fez um nó cego com a maioria do restante da corda.

— … Eu sinto muito — disse-o logo após acabar com a própria vida como uma dedicatória para todos os que matou, acreditando não ser mais merecedor de viver

2º lugar - Mauricio Machado Marion

A promessa de 40 anos    


E depois, chegou no cemitério com a gaita de boca.

Vejo uma imagem de uma mulher com um véu, ela segura o que parece ser um menino, cheiro de flores  e um altar bem na minha frente, ouvi um toque de sino familiar, as badaladas que ouvi quando meus pais e avós faleceram.

- Aí que me dei conta: estava morto.

Lembrei então dos bons momentos vividos naquela comunidade, boas conversas dos jogos de baralho e bocha, e do meu grande amigo Eduardo que era meu companheiro para  beber naquele balcão empoeirado muitas histórias, causos, piadas e assuntos  sobre terra, a tinta das paredes descascadas, o barulho dos homens na cancha de bocha gritando e das bochas batendo,  cerveja abrindo. 

Num domingo específico, encilhei o meu cavalo baio e deixei o rancho para ir tordiar na bodega, quando me aproximei vi o Eduardo e gritei:

- Porco canê, Eduardo,  quanto tempo.

Então  nós sentamos e passamos horas  conversando até que eu dei uma ideia, o primeiro que morresse iria tocar gaita no velório do outro.

-Eu estava meio aflito, minha família chorando, amigos e parentes que não via a tempo. Tentei dizer olá, mas não me ouviam.

Em meio a  uma roda ao redor do meu caixão vejo um homem cambaleando. Eduardo! Avisto ele com roupas rasgadas e sujas, seu olhos azuis embriagados de choro, seus cabelos pretos bagunçado e despenteados,  vi ele puxar a velha gaita do bolso e começar a tocar, abandonadas o coração de todos que estavam presentes,  uma promessa feita a mais de 40 anos sendo cumprida. 

E quem diria que 14 anos depois o meu neto se tornou professor e amigo do neto do meu amigo Eduardo. A amizade é algo surpreendente e incrível quando é verdadeira.

3º lugar - Manuela Peiter Claro

O Ladrão de Girassóis

Uma bela jovem estava em seu quintal, regando suas plantas alegremente, em um dia quente e ensolarado, com o sol da manhã refletindo em seu lindo vestido branco. Quando, de repente, notou algo estranho, alguma coisa estava errada, ela pensou, então, na hora de regar seu maravilhoso girassol… Girassol? Que girassol? Vejo apenas um vazio…

A jovem gritou, e seu amigo, um rapaz meio desajeitado, que era seu vizinho, veio correndo a seu socorro, ela contou tudo para o amigo, que escutava os relatos com cuidado e interesse.

Enquanto isso, outro colega chegava do trabalho, escutando toda essa barulheira, espantado, o homem elegante pergunta o que aconteceu. A garota conta o incidente do girassol novamente. Assim que terminou o relato, o rapaz desajeitado sugere que ela pode ter sido vítima de um roubo. Roubo? Ela pensou, desesperada. Quem teria me roubado?

Os dois rapazes se entreolharam, então, o jovem mais elegante, resolvendo acabar com o silêncio, perguntou se a moça gostaria de tomar uma xícara de chá em sua casa, que era na frente da moradia da mais bela, para se acalmar e pensar no assunto com mais clareza.

Chegando no destino, a garota nota um girassol na casa do colega. Com as suspeitas sobre o amigo aumentando, ela pergunta, em um tom desafiante e sarcástico, se o ladrão ainda estaria perto, lançando ao rapaz elegante, um olhar cortante. O moço, que nada de bobo era, perguntou o que a moça estaria insinuando com essa pergunta, e os dois começam a discutir, deixando o amigo desajeitado, nervoso. Numa tentativa de acalmar a dupla furiosa, o mesmo sugeriu que todos fossem para suas casas para pensar melhor no assunto e discuti-lo no próximo dia.

No dia seguinte, os amigos, que agora estavam mais calmos, se reencontraram na casa do rapaz, que agora, além de elegante, era suspeito. Nisso, o mesmo se desculpa à bela amiga, enquanto explica que o girassol era um presente de sua mãe e, ao mesmo tempo alcançando uma xícara de chá para cada um (já que da última vez não deu certo).

Pazes feitas, amizades reconstruídas, xícaras cheias de chá, um silêncio profundo, e um girassol, perdido, em algum lugar deste vasto mundo misterioso, fora das mãos de sua dona. A moça bonita, ainda com incerteza se o amigo estaria mentindo ou não, perguntou novamente se o rapaz tinha certeza que o girassol era de uma loja, comprado, e não roubado dela. O suspeito, por mais que de saco cheio com a pergunta da garota, respondeu-a calmamente, que ele tinha certeza de que o girassol não era dela.

O jovem desajeitado, que estava quieto por todo esse acontecimento, ainda nervoso, estava à beira de suar, queria apenas ir para casa e se jogar na cama, longe de todos, longe do girassol, longe do mundo, longe até dele mesmo (se é que isso era possível). O outro garoto, sendo um sujeito bastante inteligente e observador, enquanto sendo julgado, notava que o colega estava estranhamente nervoso, quieto, o que não era seu comportamento habitual. Decidiu perguntar se estava tudo bem, com um tom de que ele sabia o que estava havendo, a garota, que foi interrompida durante seu sermão, olhou para o jovem nervoso, que agora estava suando. Ele sentia o suor pingar em sua calça, os olhos diretamente virados para ele, a sensação de julgamento, ele estava sendo julgado, estava sendo acusado. Um sentimento de culpa invadiu o mesmo, ele não respondeu o rapaz elegante.

O mais fino, agora sem paciência, levantou de sua cadeira, começou a erguer o tom de sua voz, fazendo acusações, pensou o desajeitado, a culpa estava o consumindo, não estava ouvindo as vozes de seus amigos, mas conseguiu sentir que a garota também saiu de seu assento, agora gritando com ele também. A dupla estava o acusando, não tinha um advogado para o defender, pensou ele, e não conseguia mais se conter. Fechou os olhos, e admitiu, admitiu o roubo do vaso de girassol, foi ele, o criminoso, ele que armou todo o plano, ele que pensou na hipótese de o girassol da moça ter sido roubado, ele que recomendou eles se acalmarem, ele, que estava do lado dos dois a todo o tempo, pensando onde o girassol poderia estar, o girassol, que estava na casa dele, o tempo todo.

Os outros dois, que ficaram chocados com a notícia, incrédulos, estavam lá, com a boca aberta, sem falar nada, de pé, congelados. A garota, que conseguiu se recuperar primeiro, perguntou, quase chorando, porque ele fez isso, porque ele roubou seu girassol. O jovem, ainda muito nervoso, que neste instante estava chorando, disse que tinha inveja, inveja da moça e seu belo girassol, tão belos quanto a dona e a luz do sol que refletia em seu vestido branco.

O dia se passou, agora o girassol em seu lugar, o crime estava resolvido, e os amigos, por mais que ainda chocados com a notícia, estavam calmos, e a garota, que decidiu pensar em algo para se redimir com o amigo (por mais que não precisasse), passou no mercado. Eles se reencontram na casa do rapaz elegante, confusos, ainda chocados, até que a moça resolveu falar o motivo da reunião, deu uma lição de moral ao seu amigo, que roubou seu girassol, porém por mais que não conseguisse ficar brava de verdade com o colega. Lhe deu um saquinho com sementes de girassóis, o garoto, confuso, perguntou para que servia aquilo, e a mais bela lhe respondeu, que iria dar para ele sementes desta planta, se o mesmo, prometesse não roubar mais ninguém, e que criasse suas próprias plantas, sem machucar nenhuma pessoa, e que se precisasse de ajuda para cuidar dos girassóis, podia contar com os dois amigos.


Fotografias